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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Ao primeiro exame, é possível definir as palavras por seu caráter arbitrário ou coletivo. Na sua raiz primeira, a linguagem é feita como diz Hobbes, de um sistema de sinais que os indivíduos escolheram, primeiramente, para si próprios: por essas marcas, podem eles recordar as representações, ligá-las, dissociá-las e operar sobre elas. São esses sinais que uma convenção ou uma violência impuseram à coletividade; mas, de toda maneira, o sentido das palavras só pertence à representação de cada um e, conquanto seja aceite por todos, não tem outra existência senão no pensamento dos indivíduos tomados um a um" "(...) a linguagem é espontânea e irrefletida; é como que natural. Conforme o ponto de vista com que a consideramos, ela é tanto uma representação já analisada, quanto uma reflexão em estado selvagem. Na verdade, é o liame concreto entre a representação e a reflexão" "O que erige a palavra como palavra e a ergue acima dos gritos e dos ruídos é a p

O menino e a poesia*

A fresta era um resto Atrás do mundo Onde a estrela caíra E a lua se dobrara. Era atrás da fresta Que morava um vazio De alguém também vazio Agora sem endereços. Era na fresta, e atrás Que a menina colava a testa Para um resto de noite Era na luz da fresta Que a menina espiava Feito noite na floresta Foi ali Que ela vira Que o menino-poeta Certa feita desfalecera Numa das últimas vezes Que morreu de amor. Depois a porta se abriu A fresta desmanchou A estrela subiu A lua se encheu... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Estudante na Casa da Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A linguagem da poesia é essencialmente polissêmica e isso de um jeito muito próprio. Não conseguiremos escutar nada sobre a saga do dizer poético enquanto formos ao seu encontro guiados pela busca surda de um sentido unívoco" "O estranho está em travessia. Sua errância não é porém de qualquer jeito, sem determinação, para lá e para cá. O estranho caminha em busca do lugar em que pode permanecer em travessia. 'O estranho' segue, sem quase dar-se conta, um apelo, o apelo de se encaminhar e pôr-se a caminho do que lhe é próprio" "(...) é indispensável perdermos o hábito de só ouvir o que já compreendemos" "Metalinguística é a metafísica da contínua tecnicização de todas as línguas, com vistas a torná-las um mero instrumento de informação capaz de funcionar interplanetariamente, ou seja, globalmente. Metalinguagem e esputinique, metalinguística e técnica de foguetes são o mesmo" "Estamos sempre no perigo de sobrecar

Como quem ouve uma sinfonia*

Um grande e verdadeiro amor pode ser sutil, encabulado, assustado e no fundo encantado. Esconder um sentimento pode ser um ato de caridade, de compaixão e mesmo de verdadeiro amor. Não dizer eu te amo, mesmo diante de uma certeza inexorável, pode ser muito sábio. É possível que o ser amado não esteja passando pelo melhor momento em sua vida e que isto transmita a ele uma responsabilidade difícil de assumir no momento. Muitas vezes ele te ama muito mais do que você ou ele possam imaginar, mas não consegue ou tem medo de expressar. Pode estar traumatizado, pode ter sido golpeado recentemente, pode estar sendo vitima de uma pessoa doente que o persegue. Talvez ele não te ame mesmo, mas existem varias maneiras de sentir isso. E isto é um direito. Talvez ele ainda não tenha descoberto o que sente ou mesmo não queira admitir e é importante respeitar. Entender que existe o tempo de cada um, o tempo que se leva para aceitar que estamos amando alguém. Às vezes, as pessoas t

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

O livro Invisível - sobre Ralph Ellison*             Em um célebre artigo, intitulado The future is black (publicado no Brasil pela editora Sulina), o escritor norte-americano Mark Dery evoca uma histórica afirmação de Greg Tate, muito familiar para os indivíduos negros, segundo a qual “pessoas negras vivem a ostracização que os escritores de ficção científica imaginam.” Na tradição da literatura norte-americana não há demonstração mais nítida e expressiva desta suspeita do que a descrita por Ralph Ellison, no livro Homem Invisível. Publicado em 1952, a obra conta, em primeira pessoa, a história de um indivíduo negro tentando desesperadamente sobreviver ao racismo cotidiano. Escrito por Ralph Ellison, um escritor negro, em um tempo em que todos os escritores eram brancos, Homem Invisível é um dos livros prediletos do ex-presidente Barack Obama. E de uma extensa lista de lideranças intelectuais afro-americanas. Apesar disso, é uma obra praticamente desconhecida no Brasil.

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