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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte" "(...) passarinho que se debruça - o voo já está pronto!" "(...) eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Divêrjo de todo o mundo... Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa" "Para pensar longe, sou cão mestre - o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos (...)" "Qualquer sombrinha me refresca. Mas é só muito provisório" "Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo" "(...) tudo quanto há, neste mundo, é porque se merece e carece" "O senhor sabe: sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!" "(...) o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, aind

Caro Professor*

Como está a semana? Após o retorno das férias de inverno a Escola de Humanidades está começando bem os trabalhos. Contudo, algo não me sai da cabeça. Após meu retorno, retomando diversas das leituras sobre orientação educacional, e convivendo com os senhores lá presentes, me vem ressaltando a preocupação com aqueles alunos ditos especiais e a necessidade de uma avaliação adaptada.  É colocado como nulo em nossa escola filosófica os conceitos de especial, doença ou saúde. No entanto, no meio educacional corre o fantasma materializado de uma necessidade tanto da instituição como da família para o seu alívio, a visão de uma vestimenta palpável para se trabalhar. Este tipo de trabalho está cada vez mais tenebroso, visto que não se contempla a historicidade da criança, isto é, não menciono ainda o tópico de singularidade. Se ao menos os nossos orientadores contemplassem mais este tópico, poderíamos podar estas "vestimentas do caminho para a saúde".  Não mencio

A vida e o mundo*

Contaria-se agora Por metáforas Cada vez mais esquisitas As grades de papel prendiam Quem estava do outro lado As paredes de vidro separavam A liberdade dos livres Era deste lado Que o mundo acontecia E o tempo passava tão lento O tempo girava em círculos A loucura morava ali Dentro dele, na casa ao lado A poesia seria sua arma Carregada de tiros de festim Afinal, para entender Apenas uma vida É preciso engolir o mundo. *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) é indispensável perdermos o hábito de só ouvir o que já compreendemos" "Estamos sempre no perigo de sobrecarregar um poema com excesso de pensamento e assim impedir que o poético nos toque" "A essência da linguagem dá notícia de si mesma como indício, como a linguagem de sua essência" "Tanto a poesia como o pensamento movimentam-se no elemento do dizer" "(...) uma coisa, chamada palavra, confere ser a uma outra coisa" "Falamos da linguagem dando sempre a impressão de estarmos falando sobre a linguagem quando, na verdade, é a partir da linguagem que falamos. Pois é na linguagem que a linguagem, sua essência seu vigor se deixam dizer" "A linguagem foi chamada de a "casa do ser". Ela abriga o que é vigente à medida que o brilho do seu aparecer se mantém confiado ao mostrar apropriante do dizer. Casa do ser é a linguagem porque, como saga do dizer, ela é o modo do acontecimento ap

Emoções*

Cresci num lar cognitivo. Ainda sinto o cheiro dos livros no escritório do meu pai localizado no piso superior da nossa casa. As escadas conduziam exclusivamente, ao local. Ele, Alfredo Gevieski, técnico rural que, juntamente com os botânicos Pe.Raulino Reitz e Roberto Klein, dedicaram-se à catalogação dos diferentes tipos de Bromélias, do reflorestamento e da demarcação das áreas da Serra do Tabuleiro / SC, numa política de controle à malária, em fins das décadas de 1940 à 1970, aproximadamente. Abrir os diversos livros e coleções eram de uma grande curiosidade para mim. Meu pai costumava, faceiro, levar-me a algumas reservas florestais onde o observava atentamente, aos detalhes da seleção de alguma espécime nova encontrada de Bromélias. Enquanto se dedicava às anotações de seu trabalho, costumava deixar que eu manuseasse algum livro com fotos de plantas. A visita ao Herbário Horta Barbosa ( Itajaí/SC), foi sempre uma grande satisfação. Lembro dos fósseis de troncos

Cores do Tempo*

“Um borrão. Um claro. Claro obscuro. Ora um. Ora outro.” Samuel Beckett De todas as cores, de todos os sons, nem espaço existe para se deixar de pensar. Todos os números dão a exatidão, exatamente no plano abstrato onde o real aparece na representação. A única certeza está no código: a precisão infinitesimal percorre o tempo sem trégua para o olho do observador.  Aí pensei, e se eu pudesse discorrer até o fim do mundo? Pensei que o tempo pudesse dar uma trégua aos corações libertários, que os deixassem parar um pouco no instante infinito do prazer, que a realidade pudesse ser a mesma da eternidade da metamorfose [...]  Viral, correr dos sons possa se transformar em signos do escape total do Real. A maneira de percorrer o outro lado da vida é não deixar de viver, eu sei.  Armei mais um truque para me manter aceso ao próximo século como uma lanterna à deriva no mar. Se tornar-me imortal − juro, darei um jeito nisso, voltarei a comer glúten. Promessa de leitor!!! *Prof.

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O sonhador inventa a sua própria gramática" "O bricoleur , diz Lévi-Strauss, é aquele que utiliza 'os meios à mão', isto é, os instrumentos que encontra à sua disposição em torno de si, que já estão ali, que não foram especialmente concebidos para a operação na qual vão servir e à qual procuramos, por tentativas várias, adaptá-los, não hesitando em trocá-los cada vez que isso parece necessário, em experimentar vários ao mesmo tempo, mesmo se a sua origem e a sua forma são heterogêneos, etc." "Um sujeito que fosse a origem absoluta do seu próprio discurso e o construísse 'com todas as peças' seria o criador do verbo, o próprio verbo" "Não existe um verdadeiro termo para a análise mítica, nem unidade secreta que se possa apreender no fim do trabalho de decomposição. Os temas multiplicam-se ao infinito. Quando julgamos tê-los destrinçado uns dos outros e poder mantê-los separados, apenas constatamos que eles voltam a uni

A palavra devaneio***

É incomum notar a existência de algo que restaria silenciado, não fosse um olhar absorto, indeterminado. Sentir improvável de sonhar acordado. Esse lugar de refúgio à esteticidade acolhe um viajante das quimeras. Nessa região, onde eventos sem nome rascunham invisibilidades, é possível descobrir vias de acesso de essência não epistemológica. Seu teor de matriz intuitiva, ao pluralizar versões desconsideradas, faz acordar aquilo que dormia. Ao desalojar esses fenômenos, desconstrói o aspecto irrealizável das promessas. Esses momentos reivindicam a singularidade alterada para se mostrar. Assim a pessoa, deslocando-se por esses labirintos da interseção, ao ser ela mesma, já é outra. As estéticas do devaneio convidam ao exercício de ficção. Um desses lugares onde o inesperado atua. Inicialmente desconfortável nesse chão desconhecido, o sujeito pode vivenciar insegurança, dúvida, receio. No entanto, ao persistirem as visitas por esse ambiente especulativo,

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